Parte 2: O Jogo do Bicho, a política e o crime organizado
Desde sua criminalização em 1941, o Jogo do Bicho desenvolveu uma relação problemática com a política brasileira. Apesar de ilegal, ele continuou amplamente tolerado, especialmente devido ao poder econômico e à influência social dos banqueiros do jogo. Confira a parte 1 clicando aqui, onde abordamos como tudo começou.
Conivência e alianças políticas
Ao longo das décadas, muitos banqueiros do Jogo do Bicho estabeleceram relações de confiança com políticos e autoridades públicas. Em várias ocasiões, houve denúncias de que campanhas políticas foram financiadas por recursos provenientes do jogo, criando uma rede de interesse de ambas as partes.
Essas conexões eram particularmente fortes em cidades como o Rio de Janeiro, onde o Jogo do Bicho se consolidou como uma instituição paralela. Os banqueiros, muitas vezes, ofereciam apoio financeiro para campanhas eleitorais em troca de proteção ou regulamentações favoráveis que limitavam ações repressivas contra suas atividades.
A relação entre o Jogo do Bicho e a política foi descoberta após diversos escândalos. Um dos mais marcantes ocorreu na década de 1990, com a CPI do Jogo do Bicho. Essa comissão parlamentar de inquérito revelou um esquema generalizado de corrupção envolvendo políticos, policiais e banqueiros.
As investigações mostraram que muitos agentes públicos recebiam propinas para fazer “vista grossa” diante da operação do jogo ou até proteger os banqueiros de rivais e concorrentes. Apesar de as denúncias terem gerado grande repercussão, a prática continuou exatamente como sempre foi. Além da CPI, outras operações policiais trouxeram à tona o impacto do Jogo do Bicho na corrupção e na segurança pública.
A Operação Hurricane (2007)
A Operação Hurricane (Operação Furacão) foi o ponto alto das investigações sobre a relação entre o Jogo do Bicho e a criminalidade organizada. Liderada pela Polícia Federal, a operação resultou na prisão de banqueiros do jogo, juízes, desembargadores e policiais, o que revelou uma grande rede de corrupção que envolvia os três poderes.
O caso foi um exemplo claro de como o Jogo do Bicho havia se entrelaçado com instituições oficiais, utilizando sua influência para garantir impunidade.
O Jogo do Bicho e o crime organizado
Mesmo que nem todos os banqueiros do jogo estejam associados ao crime organizado, algumas investigações apontaram para conexões entre o Jogo do Bicho e facções criminosas. Em alguns casos, a renda gerada pelo jogo foi utilizada para financiar outras atividades ilícitas, como tráfico de drogas ou armas.
Além da corrupção e das alianças clandestinas, o Jogo do Bicho desempenhou um papel significativo no cenário local de várias comunidades. Muitos banqueiros usaram parte de seus lucros para patrocinar eventos e projetos comunitários, como escolas de samba, festas religiosas e obras de infraestrutura em bairros carentes. Isso ajudou a transformar sua imagem em líderes benfeitores, apesar da ilegalidade de suas atividades.
Em algumas regiões, os banqueiros do Jogo do Bicho atuaram diretamente como “cabos eleitorais”, mobilizando comunidades para apoiar candidatos específicos. Em troca, garantiam a continuidade de sua operação sem interferências.
A ligação entre banqueiros e políticos fez com que, muitas vezes, o Estado fechasse os olhos para o Jogo do Bicho, mesmo tratando o jogo como ilegal. Deixou de ser só uma loteria popular e passou a influenciar a política e a economia do Brasil. Apesar de apoiar eventos culturais e ações comunitárias, também se envolveu em esquemas de corrupção que enfraqueceram a confiança nas instituições.
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